Subiam o rio cantando cantigas antigas, que pareciam harmonizar perfeitamente com as remadas dos tripulantes da nau. Não era um barco gigante como aqueles que assaltavam, mas era famoso o suficiente para fazer gelar até o mais valente dos capitães.

Shizuke estava conversando a trupe fazia uma semana. Teve o azar de ser pego enquanto fugia da vila em um barco que mau sabia conduzir. Uma corrente forte o jogou contra os Piratas e ele fora tomado como prisioneiro.  Nos primeiros dias fora feito de empregado, mas sua utilidade durante os saques acabara por promovê-lo a uma espécie de companheiro.

Até tentou demonstrar seu orgulho de samurai ao sacar sua espada contra o capitão, mas fora desarmado tão rapidamente que ainda tinha dificuldades de avaliar como Hayate tirara sua espada em apenas três movimentos.

Ao chegarem na caverna, encoberta pela densa vegetação acobertada pelas camadas sem fim de névoa esbranquiçada, deixaram o barco deslizar até as docas, onde poderiam empilhar os frutos de seu árduo trabalho.

- Novato, venha aqui! - Chamou um dos piratas, entregando ao garoto a espada do capitão. - Entregue para o capitão! - Aparentemente Hayate tinha deixado uma de suas três espadas no navio e fora o sortudo que teria que entrar nos aposentos do capitão que ficava na parte mais funda da pequena vila se casa feitas de pala palafitas. 

O homem de cabelos longos estava quase nu quando o garoto entrou, apenas com um fundoshi branco, sentado com uma de suas espadas em seu colo. O samurai sabia que era a que ele usava com frequência, visto que eram poucos os inimigos que o faziam usar a segunda espada e, quando o fazia, era algo gracioso e difícil de acompanhar.

— Em guarda! — Falou sem se erguer, mantendo a postura em que estava, com os olhos fechados e as mãos repousadas em seus joelhos. 

O capitão falava pouco, mas agia quando necessário sempre. Para o samurai, ele reconhecia aquelas mínimas palavras que ele dizia como uma ordem para defender-se, embora pudesse duvidar da intenção do capitão atacar.

- A espada só deve ser sacada no momento do golpe. - Disse e o ex-shinobi só conseguiu ouvir o choque metálico das armas se chocando.

Não é que não tivesse conseguido ver o movimento. Na cabeça dele, sua memória podia rebobiná-lo notando a graça com que se ergueu, por sobre os calcanhares, em seguida dando impulso com a ponta dos dedos, enquanto a espada era sacada no momento exato do choque. Ele podia até ter visto, mas seu corpo não conseguiu acompanhar.

- Agora duas vez - Disse e, mais uma vez, com graça se afastou, sua lâmina voltando para dentro da bainha. A guarda de seu capitão não mostrava agressividade, embora não parecesse relaxada. A espada repousava em sua cintura, segurada por sua mão.