Ajudando a Academia

O som da batida no bico da ave na janela alertou-o para a ave que estava do lado de fora. Era um corvo, um animal inteligente e bonito, bicando o vidro repetidamente. Abriu a janela e ele pulou para cima da escrivaninha que ficava logo abaixo. Tai percebeu que havia um pergaminho em sua pata. Uma missão. O garoto se aproximou cuidadosamente da ave, usando as costas dos dedos para acariciar as suas penas, depois retirou o recado de sua pata. Não demorou para que ele voasse pela janela, voltando para o seu local de origem, provavelmente o aviário da vila, onde eles cuidavam dos animais.

Abriu o pergaminho o mais rápido possível, lá estavam os detalhes da missão. Pelo que estava escrito, eles precisavam de alguém para ajudar a cuidar das crianças da academia ninja. Não sabia se algum dos cuidadores tinha ficado doente ou eles estavam com pouco pessoal, não havia nenhuma especificação. Por alguns segundos passou pela cabeça do genin tudo que ele e seus colegas faziam durante os tempos de academia. Ele ainda tinha sido um dos comportados, que não fazia tanta bagunça, mas as outras crianças... Resumindo, será um desafio.

Desceu então para a cozinha, seu pai já estava sentado comendo o café da manhã. O garoto ficava impressionado em como o homem conseguia fazer tudo com apenas uma das mãos e ainda por cima ser excelente na cozinha. Talvez fosse a destreza dos anos atuando como ninja na vila. Hoje ele só participava da parte burocrática, reuniões e papéis eram  seu dia-a-dia.

— Bom dia. Eu já estava terminando o café, já iria sair.

— Bom dia. E a mãe?

— Já foi pro trabalho. Então, vai pra onde?

— Como... você?

— Eu ouvi o corvo entregando a mensagem.

— Ah sim. Academia. Eles precisam de alguém pra ajudar a cuidar das crianças. — O homem deu uma gargalhada alta.

— Boa sorte, garoto, vai precisar. — O senhor Oda colocou a mão no ombro do filho e saiu rindo de casa.

Assim que terminou o café, colocou uma roupa confortável e saiu em direção à academia. Pelo caminho alguma pessoas conhecidas acenavam ou conversavam com o garoto, ele respondia e mantinha a conversa contanto que não tomasse muito tempo. Da sua casa para a academia era uma caminhada de cerca de trinta minutos, não era muito longe. O dia estava agradável, com clima ameno com poucas nuvens no céu.

Assim que chegou no lugar entrou, pedindo licença. Aquele lugar lhe trazia memórias, apesar de não ter sido muito tempo atrás, fora ali que ele tinha aprendido tudo. Sobre chakra, elementos, armas… apesar de não ser tão bom assim com elas. Mas principalmente aprendeu sobre o mundo, as pessoas e a natureza. Foi ali também que teve as suas primeiras experiências e algumas primeiras vezes, apesar dele não assumir aquilo pra ninguém. Mas agora era o tempo de outras mentes serem formadas ali. Procurou pela sala dos professores primeiro, se havia um lugar onde eu pudesse encontrar algum dos senseis era lá. Seguiu pelos mesmos corredores, esperava que ainda fosse no mesmo lugar. Assim que estava em frente à ela, deu duas batidinhas suaves na porta.

— Licença… Alguém?

Ajudando a Academia

Quando ninguém respondeu, Taichi abriu a porta com cuidado, mas logo após sentiu algo cair na sua cabeça. O cheiro de pó de giz e a nuvem de fumaça branca se criava ao redor da cabeça do garoto. Com o nariz irritado, foi levado a coçar e espirrar algumas vezes. As crianças riam a plenos pulmões, não culpava os alunos, ele também tinha feito e rido daquela situação várias vezes, mas agora estando do outro lado, não era tão engraçado.

Aquelas crianças não paravam quietas, poucas delas estavam sentadas em seus lugares e aquelas que estavam, mantinham conversas paralelas. As muitas que não sentavam em suas cadeiras estavam elétricas, andando de um lado para o outro. Pelo visto o professor não estava na sala. Talvez ele ainda não tivesse chegado ou melhor tivesse desistido de uma sala daquela. As duas opções eram possíveis.

Taichi entrou na sala desviando de dois garotos que estavam correndo na sala com duas kunais de papel. Não demorou para que algo diferente acontecesse, duas garotas começaram a puxar o cabelo uma da outra. Taichi correu para separar as duas meninas mas no momento que chegou as duas já estavam rolando pelo chão.

— Jurei… sua porca. — Falava a menina de cabelos negros girando no chão, com o cabelo da outra na mão. — O Kenta-san é meu!

— Himiko, sua… vaca — A menina loira agora balançava a cabeça da outra puxando o cabelo de um lado pro outro. — O Kenta-san gosta de mim!

— Meninas, parem! — Falava Taichi sem obter nenhum resultado, recorrendo ao seu único recurso, pegou as duas meninas pelo colarinho separando-as. As duas mesmo suspendidas e separadas ainda tentavam atingir uma a outra. — Meninas, parem! Por que estão brigando?

As meninas pela primeira vez prestavam atenção nele. Parecia que as duas tinham acabado de perceber que estavam suspensas. Olharam para o menino e voltaram a olhar uma para a outra com raiva, se raios saíssem dos seus olhos uma já teria explodido a cabeça da outra.

— É a Jurei, ela fica atrás no Kenta-san, mesmo sabendo que ele gosta de mim!

— Eu fico atrás do Kenta-san? Você que fica dando em cima do meu namorado!

— Ok… — Taichi ficava impressionado com a precocidade das duas garotas. — Quem é o Kenta-san?

— Aquele ali! — As meninas apontavam juntas para um garoto mais alto que os outros, com óculos, que estava de mãos dadas com uma garota ruiva. Taichi chegou mais perto das duas e falou.

— Vocês já falaram com o Kenta-san sobre quem ele gosta? — Falava colocando as duas no chão, as duas como se fossem um espelho da outra respondiam que não com a cabeça. — Vamos lá perguntar?

Taichi seguiu as meninas até o garoto, que revelou que estava “namorando” Akemi naquele dia, mas que elas poderiam ser namoradas dele nos outros dias. As duas meninas ficaram decepcionadas. Jurei quase deu um tapa no rosto do garoto, mas foi impedida por taichi, as meninas então voltaram para os seus lugares conversando como velhas amigas, como se nenhuma briga tivesse acontecido.

Então Taichi voltava para o caos da sala de aula. Os dois meninos ainda estavam correndo pela sala com suas armas de papel, uma kunai de papel pegou a nuca dele, mas quando ele olhou o garoto já tinha se escondido. Haviam ainda mais crianças brincando e quando “senbons” de canudo foram jogadas na direção dele. Tai virou rapidamente pegando os canudos no ar.

— Wow! — Falavam dois garotos que viram o genin e depois disso não pararam de lançar coisas para que taichi agarrasse ou bloqueasse. Não foi difícil, mas tudo aquilo estava deixando o garoto sem paciência. As várias crianças correndo, gritando por todos os lados não ajudavam com o estresse. Quando um dos garotos estava se preparando para jogar um caderno e o outro um lápis. Taichi ativou o seu Sakki. Era uma medida de emergência, mas tinha funcionado. Toda a sala havia se calado e estavam olhando para Taichi com os olhos arregalados quando ele falou.

— Todos sentados. — As crianças obedeceram no mesmo momento. todas sentadas em seus devidos lugares e nenhuma delas falava nada. — Qual o nome do sensei de vocês? — Uma das meninas levantou a mão trêmula, Taichi fez sinal positivo.

— Sekizan-sensei. — Falou a menina abaixando a mão logo depois.

— Pode ir até a sala dos professores e chamá-lo por favor? — A menina levantava e saia da sala, enquanto Tai ficaria vigiando a sala até o sensei chegar.

Ajudando a Academia

A garota voltou não muito depois, seguida por um homem alto e forte. Ela sentou-se novamente no lugar enquanto o homem ainda parado na porta parecia não acreditar que aquela sala estivesse tão quieta. Talvez a sala tivesse criado uma fama, pois era difícil ver um professor tão surpreso. Ele entrou finalmente na sala, verbalizando a entranheza que sentia, mas logo parabenizou Tai por seu trabalho.

— Agora porque não explica pra eles técnicas de primeiros socorros. Ouvi dizer que sua mãe é médica.

— Tudo bem, mas eu preciso de alguns voluntários.

Eles não estavam mais sob influência do Sakki, mas ainda mantinham um certo medo de Taichi. Ele pensava por alguns segundos se não tinha pegado pesado demais, mas ao lembrar que esses mesmo garotos estarão fazendo suas próprias missões daqui à alguns anos retirou o pensamento da cabeça. Eles precisam ser fortes.

— Três, só preciso de três voluntários.

Três pessoas levantaram as mãos e Tai acenou para que os três viessem a frente. Pediu para que o primeiro deitasse no chão e que os dois outros ficassem em pé. Então começou a criar uma situação hipotética para ilustrar a atividade. O aluno no chão tinha sido um civil que estava dentro de um edifício que foi derrubado numa luta entre dois ninjas poderosos e acabou sendo ferido.

— Isso é o que chamamos de dano colateral, coisa que vocês foram e ainda estão sendo treinados para evitar, mas algumas vezes é inevitável. Vocês podem me perguntar se não seria melhor deixar para que os ninjas médicos cuidem do ferido, mas qualquer ajuda que vocês possam dar, faz a diferença entre a vida e a morte daquela pessoa.

Eles impressionantemente estavam prestando atenção. Alguns estavam até sentando-se na ponta da cadeira para prestar mais atenção. Quando Tai abaixou-se chamou também os outros dois alunos para se abaixar com ele perto do corpo, ele comandou o primeiro a ficar junto dele num lado do corpo e o outro do outro lado.

— A primeira coisa que você faz depois de resgatar um ferido é verificar o estado em que ele está. Checar os sinais vitais. Quais são os sinais, alguém sabe?

— Respiração e Batimentos cardíacos. — Respondeu Jurei.

— Correto, respiração e batimentos cardíacos. Nós checamos sempre esses sinais vitais mesmo se a pessoa esteja consciente, pois eles nos dão alguns sinais importantes de como a pessoa está. Se ela está com a respiração fraca, existe algo impossibilitando o funcionamento do trato respiratório. Já se ela está com os batimentos cardíacos mais lentos que o normal, ela pode ter perdido muito sangue. Hemorragias internas são muito mais graves e perigosas que hemorragias externas.

O Menino continuou a dar uma aula, com detalhes importantes que todo ninja deveria conhecer, mas deixou as coisas complicadas pra lá. Facilitou o máximo possível o entendimento do assunto. Com a ajuda dos três alunos tudo havia ficado ainda mais fácil de entender. No final se disponibilizou a responder perguntas e Sekizan-sensei ficou impressionado quando as crianças levantaram a mão para perguntar coisas para Taichi. Taichi respondeu todas que pôde antes do intervalo, quando todos saíram da sala.

Ajudando a Academia

As crianças saiam pela porta da sala o mais rápido que podiam, deixando Sekizan e Taichi sozinhos na sala. O professor parabenizou o genin pela sua desenvoltura e habilidade na forma em que ele tinha dirigido a classe. Falou que ele deveria pensar na carreira como uma opção. Taichi não pensava em seguir profissão de professor, talvez num futuro distante, mais velho e mais cansado.

— Antes de ir, não se esqueça de arrumar a sala.

O homem saiu pela porta com um sorriso no rosto. Talvez por ter se livrado de um trabalho, ou por ter sacaneado o genin, taichi não saberia dizer. A sala estava completamente suja, mas para sua sorte a maioria das coisas eram fáceis de limpar. Papéis e mais papéis por todo lugar.

Taichi começou a limpeza jogando em uma lixeira todo o papel que coletava, alguns ele abria para ver se não estava jogando fora algo importante. No meio desses papéis haviam algumas coisas que lhe chamaram a atenção. Uma notificação de mal comportamento para os pais de um garoto chamado Tokinori. Estava numa bola de papel que parecia ter sido feita com muita raiva. Desenrolou e colocou em cima da mesa para entregar a coordenação depois.

Taichi também achou duas bolinhas amassadas, uma com o nome de Jurei e outra com o nome de Himiko, as duas páginas com o nome Kenta dentro de um coração. Taichi não pôde deixar de rir, mas aquilo não era a única coisa, havia mais. Pelo visto as duas garotas estavam fadadas a gostar do mesmo garoto.

Assim que terminou a limpeza deixou o comunicado na coordenação e saiu. Recebeu ainda alguns elogios de algumas pessoas por controlar aquela sala. Sekizan havia falado pra eles como a sala estava quieta e tinham prestado atenção. Os outros perguntaram que magia o garoto havia usado, mas ele não iria contar que usou o Sakki nas crianças de tão estressado que estava. Assim que foi liberado foi diretamente para o edifício do Hokage, relatar os detalhes da missão.